
Onça em tratamento em Campo Grande, antes de transferência (Foto: Saul Schramm/ divulgação)
Uma onça-pintada que matou um caseiro no Pantanal sul-mato-grossense em abril foi transferida para um centro especializado em fauna silvestre em Amparo, São Paulo. O animal, um macho adulto, estava em tratamento no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres em Campo Grande, onde chegou pesando 94 quilos e apresentando desnutrição e alterações em órgãos vitais.
Durante o tratamento, o felino ganhou 13 quilos e alcançou estabilidade clínica. Por ter perdido o medo de humanos, possivelmente devido à prática de alimentação artificial, a onça não será reintroduzida à natureza. O animal permanecerá sob cuidados permanentes e poderá participar de ações de educação ambiental.
O animal, um macho adulto, foi encontrado com aproximadamente 94 quilos e sinais de desnutrição, além de alterações em órgãos como fígado, rins e intestino. Segundo os veterinários do CRAS, exames laboratoriais mostraram que o quadro clínico exigia acompanhamento contínuo e alimentação controlada.
“Durante as três semanas que ficou conosco, ele chegou desidratado e com baixo peso, cerca de 94 quilos, e recebeu suporte nutricional, hidratação e medicamentos, incluindo um hepatoprotetor. O animal ganhou bastante peso e está saindo com 107 quilos, evoluindo bem sem problemas graves de saúde’, explicou a veterinária Aline Duarte, gestora do Hospital Veterinário Ayty e coordenadora do CRAS.
Durante a internação, a onça foi mantida sob monitoramento, com dieta balanceada e cuidados constantes e chegou a engordar 13 quilos, atualmente pesando 107. A recuperação levou três semanas e só após a estabilidade clínica foi autorizada a transferência para o centro de fauna de Amparo (SP), que oferece estrutura permanente para manejo de grandes felinos.
Para onde vai? – O mantenedor de fauna para onde a onça-pintada foi levada fica no Instituto Ampara Animal, que já tem sob tutela oito onças (cinco pintadas e três pardas). O local abriga animais silvestres, especialmente aqueles que não podem ser soltos por terem sido vítimas de interferência humana ou por outras razões que os impeçam de voltar à natureza, em um ambiente controlado.
O veterinário e responsável técnico da Ampara Silvestre, Jorge Salomão, explicou que o espaço não tem qualquer tipo de visitação, com foco no bem-estar e qualidade de vida dos animais.
“Os nossos recintos são todos muito grandes, com grotões de mata nativa, cercados. São o mais próximo possível do que o animal iria encontrar em vida livre. A gente tem recintos a partir de de mil metros quadrados, até o maior de que quase seis mil metros quadrados. Recebemos animais que não podem voltar para a vida livre, por diversos motivos, cada um com o seu motivo específico’, explicou o gestor.
O ataque – O ataque que levou à morte do caseiro Jorginho aconteceu em abril, na região do pesqueiro Touro Morto, em Aquidauana, e causou grande comoção. Ele desapareceu após sair para fazer trilha e teve os restos mortais encontrados dias depois. A partir disso, uma força-tarefa foi montada com apoio da PMA (Polícia Militar Ambiental) e de pesquisadores para localizar e capturar o felino.
Agora, o animal viverá sob cuidados permanentes e poderá ser incluído em ações de educação ambiental. A onça-pintada é símbolo do Pantanal e sua conservação depende também da conscientização humana.
Batanews