
Local onde onça atacou; à esquerda, vítima de novo ataque (Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação/Bombeiros)
Três meses após o caseiro Jorge Ávalo perder a vida, após ser atacado por onça na região do Pantanal de Mato Grosso do Sul, novo ataque voltou a acontecer na noite desta quarta-feira (6). O incidente reacendeu a preocupação das comunidades locais, e moradores expõem que, desde o primeiro ataque fatal, nada foi feito para prevenir novas tragédias.
Desta vez, a vítima foi Valdinei da Silva Pereira, de 57 anos, que entrou em um ‘embate’ físico com o animal para defender seu cachorro O ataque ocorreu quando chegava em casa, na região do Mirante da Capivara, em Corumbá, distante 426 km de Campo Grande.
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, Valdinei retornou para casa por volta das 20h30, quando notou que havia esquecido as luzes apagadas. Ele carregava um pedaço de madeira e uma lanterna para iluminar o caminho, quando foi atacado pela onça.
“Bati nela com um pedaço de pau que estava na minha mão, e ela saiu de cima de mim. Não chegou a pegar em mim a unha dela, senão, eu estava deformado”, conta.
Depois do susto, Valdinei viu que dois cachorros haviam sido levados pelo animal. No entanto, o ribeirinho revela que essa não foi a primeira vez, pois já havia perdido outro cão para a onça anteriormente. A vítima precisou ser hospitalizada, mas passa bem.
Novo ataque deixa comunidade em alerta
Maria de Morais é moradora do bairro Cacimba da Saúde, localizado em Corumbá, município que faz fronteira com a Bolívia e o Paraguai, região próxima ao local onde Valdinei foi atacado na noite anterior. Ela revela que o novo ataque deixou a comunidade ainda mais apreensiva, pois a onça que atacou o homem é a mesma que já foi vista rondando comunidades próximas.
“Agora nós ficamos tudo com medo, porque ela atacou o rapaz lá do fundo [Valdinei], e eles pararam com a patrulha ambiental, então estamos com medo de novo. É todo mundo pra dentro [de casa] cedo, deixar os bichos para fora e se recolher cedo, enquanto não tirar ela daqui”.
Além disso, Maria conta que os trabalhadores da horta do bairro relataram que voltaram a avistar a onça rondando o local. A suspeita dos moradores é de que seja a mesma que atacou Valdinei, que mora em uma parte mais afastada da comunidade, conforme detalha Maria.
Nada vem sendo feito pelas autoridades: ‘é cada um por si’
Segundo Maria, nenhuma medida eficaz vem sendo tomada pelas autoridades para evitar novos ataques. A moradora denuncia também que a ronda, que era feita por autoridades ambientais, não está acontecendo mais.
“Eles só vêm e colocam umas câmeras, umas luzes. O jeito nós se prevenir aqui, porque se depender das autoridades, eles não estão nem aí para a gente. Não fizeram nem mais as rondas aqui, ficaram desacreditados. O jeito é nós mesmos se prevenir, cada um por si agora, porque está perigoso aqui”, desabafa Maria.
Outra moradora, que também falou com a reportagem, lamentou o ocorrido com o homem atacado na noite anterior, e reforça que a comunidade precisa, urgente, de uma solução.
“Eles não tomam providência. Na hora que acontecer igual como o caso do Jorginho, aí vai ficar um monte de gente aqui perguntando, querendo saber, mas ninguém faz nada. Agora o homem está lá, todo arregaçado, todo cortado”.
Autoridades farão coletiva de imprensa sobre o caso
Conforme informado pela Prefeitura de Corumbá, foi realizada uma reunião entre a administração municipal e diversas autoridades ambientais, inclusive ONGs (Organizações Não Governamentais) de preservação da onça-pintada, incluindo o IHP (Instituto Homem Pantaneiro) e a superintendência do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em Mato Grosso do Sul.
A reportagem procurou a prefeitura, o IHP e o Ibama, mas foi informada que mais detalhes sobre o caso, bem como possíveis medidas de prevenção de novos ataques, serão discutidas em coletiva de imprensa, prevista para acontecer às 17h30 desta quinta-feira, na sede do Ibama, no município de Corumbá.
Midiamax