Pai de santo preso por abusos ameaçava e dava pílula do dia seguinte para enteada, diz polícia

Delegados Gilmar Rodrigues [E] e Lídia Barci, acompanhados do chefe da Polícia Civil, Joselito Kehrle  (Foto: Reprodução/TV Globo)

Delegados Gilmar Rodrigues [E] e Lídia Barci, acompanhados do chefe da Polícia Civil, Joselito Kehrle (Foto: Reprodução/TV Globo)

O comerciante e pai de santo preso por suspeita de estuprar uma criança de cinco anos e dois adolescentes fazia ameaças e chegou a dar pílula de dia seguinte para a enteada, uma das vítimas de abuso, segundo a polícia. A mulher dele, mãe da criança e de um dos adolescente, é investigada sob suspeita de conivência. Os detalhes foram divulgados nesta terça-feira (17), em coletiva no Recife.

“Nos relatos, dentro do inquérito, foi possível identificar que, além de ameaçá-la [a enteada], ele dizia que ia matar irmão, mãe e, logo depois, oferecia a ela pílula do dia seguinte”, aponta a delegada Lídia Barci, titular da Delegacia de Casa Amarela e responsável pela prisão.

A criança de cinco anos é filha do suspeito com a mãe da adolescente, enquanto o segundo adolescente é filho da empregada do casal. O caso começou a ser investigado em novembro de 2017, após uma denúncia da mãe da adolescente e da menina na Delegacia de Peixinhos, em Olinda.

“Segundo a mãe, no primeiro relato, ele teria dito que mantinha um caso com a filha dela, a enteada dele. Esse seria o motivo inicial da denúncia feita contra ele no bairro de Peixinhos”, aponta o chefe da Polícia Civil, Joselito Kehrle. Ao longo das investigações, foi constatado o abuso da criança e do outro suspeito.

A mulher, apesar de ter procurado a polícia, está sendo alvo de um inquérito policial – no momento da prisão, ele foi encontrado na residência morando com ela e as vítimas do abuso, no bairro do Vasco da Gama, no Recife.

Suspeitas sobre a mãe
Além de continuar morando com o suspeito, a mulher mudou de bairro com toda a família duas vezes após a o mandado de prisão ser emitido, segundo a polícia.

“Ela acompanhava as investigações e sabia que tinha sido representado pela prisão preventiva dele. Depois que saiu o mandado, tanto ele, quanto ela, sumiram. Ela sabia de tudo detalhadamente”, aponta o delegado Gilmar Rodrigues, titular da Seccional de Olinda.

Outro fato que contribui para as suspeitas de envolvimento da mãe das vítimas é que, no momento da prisão, ela negou que o companheiro estivesse em casa. “Ele estava escondido embaixo da cama no quarto do casal, onde de lá estava saindo a menina”, aponta a delegada de Casa Amarela.

O comerciante foi preso e encaminhado para o Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. A mulher já foi inicialmente ouvida pelas autoridades, após comparecer à delegacia acompanhada por advogado, mas deve ser chamada novamente pelas autoridades. O caso segue sendo investigado pela Delegacia de Peixinhos, em Olinda.

A criança e os adolescentes passaram por uma escuta especializada da polícia e vão ter acompanhamento de assistência social e psicológica, segundo a polícia. “As crianças estão com a mãe, na casa. [A guarda] quem vai decidir é o Ministério Público com o Conselho Tutelar”, detalha a delegada Lídia Barci.

Casos frequentes
Na sexta (13), um pastor evangélico foi preso por estuprar sete crianças na Zona Sul do Recife. Em Olinda, um professor particular de inglês é investigado por estuprar adolescentes, com o consentimento e o incentivo da esposa dele, em Olinda.

O chefe da Polícia Civil aponta que um maior número de casos de estupros de vulnerável vieram à tona nos últimos meses no estado. Para ele, esse aumento é devido a um “maior encorajamento” da população em fazer denúncias.

“São crimes de difícil elucidação quando não há material orgânico preservado no momento do abuso ou logo em seguida, mas que a polícia tem conseguido exitosamente, com a investigação, trazer à luz e prender os autores desses abusos”, afirma.

Kerhle pede ainda que pais e mães fiquem atentos a possíveis sinais dos filhos e não deixem de procurar as autoridades caso suspeitem de abusos. “A melhor forma de se combater é quebrar o silêncio, observar seus filhos. Há uma mudança de comportamento perceptível para uma mãe e um pai bom observador”, ressalta. G1

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