Falsa sargento do Exército presa em MS ‘torrava dinheiro’ das vítimas com roupas, salão e maquiagem, diz filha

Mulher fingia ser sargento do Exército para aplicar golpes em MS — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Mulher fingia ser sargento do Exército para aplicar golpes em MS — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Por conta do número de vítimas, a Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes de Defraudações e Falsificações (Dedfaz) assumiu o inquérito envolvendo a golpista Alzira de Jesus Araújo, de 40 anos, que fingia ser sargento do Exército, em Campo Grande. Nesta terça-feira (2), a primeira pessoa a ser ouvida foi a filha dela, de 22 anos. Em uma hora, a jovem contou que já havia desconfianças e que acredita que a mãe “torrava dinheiro com coisas de mulheres”.

“A filha já havia registrado um boletim de ocorrência, falando do modus operandi de mãe. Ela desconfiou do crime e elas tiveram uma briga por conta do disso, quando a menina se mudou do local. O imóvel era alugado e a Alzira também teria se mudado para morar com os avós. Depois, ela teria conhecido uma pessoa e foi morar com ele. A menina então retornou e foi ficar com os avós, por questão de economia”, afirmou ao G1 a delegada Cláudia Gerei, responsável pelo inquérito policial.

De acordo com o depoimento da jovem, a mãe não ajudava em nada os avós e era extremamente consumista. “Ela falou que a mãe exigia o carro dela e também a conta bancária, até o momento em que não aguentou mais, foi lá e cancelou tudo. Pelo que disse, o dinheiro das vítimas caía e ela já sacava tudo. Nunca tinha saldo e ela disse que a mãe provavelmente gastava tudo com roupas, salão e maquiagem”, ressaltou Gerei.

Ainda conforme a delegada, a jovem alegou que perdeu um emprego estável por conta da mãe. “Ela vestia a farda logo cedo, pegava o carro, deixava a filha no emprego e depois retornava no final do dia, usando a roupa e dizendo que tinha trabalhado o dia todo. Nós vamos ouvir outras três vítimas citadas pela filha, agora em outro procedimento, por conta do prazo. A filha também disse que a Alzira tinha muitas dívidas, devia na praça, sempre tinha gente cobrando ela lá”.

A mulher teve a prisão convertida e já foi encaminhada para o presídio. A Polícia Federal também apura a possível falsificação dela em documentos oficiais. A assessoria de imprensa da instituição, no entanto, diz que não comenta investigações em andamento.

Suspeita alega que facilitaria o ingresso no exército para as carreiras de sargento e oficiais temporários

A mulher de 40 anos foi presa no dia 26 de junho deste ano. Segundo a polícia, ela cobrava de R$ 4 mil até R$ 30 mil para “facilitar” o suposto ingresso nas carreiras de sargento e oficiais temporários. Após três meses de investigação, os policiais chegaram inclusive a apurar que ela esteve em eventos políticos, nos quais chegou a ser recebida por um candidato a governador e até “prestavam continência para ela”.

Ao G1 o Exército ressaltou que ela não faz parte do quadro de funcionários. “Ela tinha contato pessoal com as vítimas e ia pessoalmente receber o dinheiro, alegando que já tinha pago as pessoas envolvidas. Nós encontramos vítimas que pagaram R$ 4 mil, R$ 7 mil, R$ 15 mil, R$ 18 mil e até R$ 30 mil para ela. Agora, a investigação continua porque nem todas elas compareceram na delegacia”, afirmou na ocasião o investigador do Grupo de Operações e Investigações (GOI), que há 3 meses apura a conduta da suspeita.

Com o dinheiro arrecadado, a polícia aponta que Alzira de Jesus Araújo fez uma festa para a filha e também viajou para a praia, onde inclusive passeou de lancha. “Temos fotos das redes sociais nela, que constam no inquérito de estelionato, crime no qual ela é reincidente. A mulher ainda tem um antecedente por furto”, explicou o policial.

Sobre a farda, a suspeita alegou que teria pego da filha, que seria “convocada em breve”. No entanto, ela negou os crimes e disse que as roupas pertenceriam à suspeita.

Investigação aponta ao menos 15 vítimas, 4 delas já estiveram na delegacia

Até o momento, a investigação aponta ao menos 15 vítimas, sendo que 4 delas já registraram boletim de ocorrência na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Piratininga. Para as vítimas, ela dizia que havia três vagas, mas, que para conseguir ingressar na força, era preciso o repasse de alguns valores em dinheiro para o pagamento de Guias de Recolhimento da União (GRU), que também eram falsas.

A polícia passou a investigá-la após uma denúncia de que “uma pessoa de fora da instituição e não capacitada ou autorizada, estava falando sobre concursos militares em nome do Exército e cobrando de potenciais candidatos para facilitar o ingresso”. Questionadas, as vítimas comprovaram o crime e repassaram dados dela, quando a investigação iniciou o monitoramento. Com Alzira também foram apreendidos botons, coturnos e diversas fardas do Exército.

Advogado da suspeita diz que aguarda conclusão do inquérito para se manifestar

O advogado da suspeita, Ilton Hasimoto, disse que aguarda a conclusão do inquérito. “A investigação não foi concluída e estamos aguardando para se manifestar. Também vamos conversar a respeito dos pontos com a Alzira”, finalizou. G1MS

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