
Acidente aconteceu entre Sidrolândia e Campo Grande, na noite do dia 6 de abril. (Fotos: Reprodução/Redes Sociais e Gabriel Maymone/Midiamax)
A primeira audiência sobre o acidente que tirou a vida de Drielle Leite Lopes e seus três filhos, na BR-060, entre Sidrolândia e Campo Grande, começou com o depoimento emocionante do esposo da mulher e pai das crianças, na tarde desta segunda-feira (30).
O mecânico David Lopes Queiroz — preso desde abril —, acusado do acidente, chegou ao Fórum Heitor Medeiros de muletas. Na semana passada, ele teve um pedido de liberdade negado pela Justiça, que decidiu aguardar a realização da audiência desta segunda (30).
Oldiney Centurion Saraiva começou seu depoimento relembrando que desmaiou após o acidente. Naquela noite de 6 de abril, faleceram Drielle; Helena Leite Saraiva, de 10 anos; João Lúcio Leite Saraiva, de 2; e o pequeno José Augusto Saraiva, de apenas 3 meses.
O pai explicou que se recorda apenas do dia em que acordou na casa de um familiar e seu médico acredita que tenha ocorrido um bloqueio emocional.
“Nós estávamos vindo embora, eu estava vindo com a minha família. Chegando em uma curva, eu acredito que era um caminhão que estava vindo na curva e o rapaz estava ultrapassando, e eu não vi nada. Eu só me lembro três dias depois, na casa do meu primo, acordando; eu não lembro do velório, nem do enterro. O médico psiquiatra acha que pode ter ocorrido um bloqueio emocional”, falou.
Casados há 15 anos, Oldiney contou que conheceu Drielle em Sidrolândia. Naquele 6 de abril, a família havia viajado para Sidrolândia para visitar a avó de Drielle e contar aos parentes que conseguiram um financiamento para comprar uma casa.
“Eu estava na melhor época da minha vida, tinha acabado de conseguir um financiamento para comprar uma casa, nós tínhamos ido lá contar para minha sogra que assinamos um contrato de compra e venda da casa… Tudo isso foi tirado da gente, por um ato maldoso, doloso. Eu estou perdido, eu não sei o que fazer”, contou.
Até hoje, ele disse que pensa que a esposa está viajando. “Eu relutei muito antes de perguntar para ele [filho sobrevivente] porque, até então, eu ainda acho que minha esposa está viajando, porque eu não me recordo”, relatou.
Ao responder aos questionamentos do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) na audiência, Oldiney disse que encontra forças no filho de 12 anos, que sobreviveu ao acidente naquele 6 de abril.
“Eu conversei com o meu filho, aos poucos, é ele que está me dando mais suporte; ele para de chorar, me abraça e fala que ‘é nós dois’. Ele falou que ele e a irmã estavam cada um de um lado e, quando o carro bateu, ele capotou”, revelou o pai.
‘Pelo amor de Deus, socorre meu pai’
Oldiney ainda disse que o filho lhe contou que gritava pedindo ajuda para que o pai fosse socorrido o mais rápido possível, temendo o pior. “Pelo amor de Deus, socorre meu pai”, contou ele.
Ele revelou também que, após o acidente na BR-060, o velocímetro de seu carro parou a 90km/h. “O velocímetro parou a 90km/h, eu nunca passei de 100km/h, porque eu andava com os meus filhos”, falou.
Ainda na sala de audiências, o pai revelou que a pior parte é ouvir o filho chamando pela mãe e seus irmãos. “A pior parte é quando ele pede pela mãe, chama pelos irmãos… eu perdi uma companheira”, desabafou.
Emocionado, o pai do pequeno de 12 anos explicou a dificuldade que enfrenta com o filho, que teve o fêmur quebrado, braço e dentes fraturados e não consegue se locomover. Atualmente, o menino é acompanhado por uma enfermeira da Santa Casa e terapeuta.
Oldiney ainda comentou sobre os gastos que tem enfrentado nos últimos meses após o acidente. Segundo ele, são gastos que giram em torno de R$ 10 mil, com medicamentos e tratamento, como terapia, enfermeira, maca e cadeira de rodas.
“Ele não sai, não consegue andar, não pode pisar o pé no chão. Eu tenho que chamar os amiguinhos para ir lá. Minha casa era cheia por causa das crianças, agora é só eu e ele”, relatou.
Midiamax