História de Cassilândia: Folclore político em pequenas crônicas

Foto do Museu da Imagem de Cassilândia / Crédito de Durval Vendrame

CRÔNICA: FOLCLORE POLÍTICO CASSILANDENSE

Relato aqui algumas resenhas políticas contadas por cassilandenses como sendo a mais pura verdade. Se elas são verdadeiras ou não, aí já não é comigo. Estou vendendo o peixe do jeito que comprei.

Me chamam de cachorro – Num certo comício realizado em Cassilândia, com a presença do governador biônico Garcia Neto, um conhecido político discursava em praça pública, em lágrimas, tamanha a emoção:

– Senhor governador Garcia Neto, eles me chamam aqui em Cassilândia de cachorro. É cachorro pra cá, governador, é cachorro pra lá.

E o povão presente confirmando aos gritos:

– É verdade! É verdade!

Não se sabe se o povo estava confirmando uma coisa ou outra. Até hoje a dúvida paira no ar. Se ele era um político cachorro, quem vai saber?

Atrás desta igreja – Num outro comício histórico, o candidato discursava, bem ali, na Praça São José, eufórico, emocionado:

– Meu povo e minha pova de Cassilândia, eu nasci numa casa que está atrás desta igreja. Vocês só não estão vendo a minha casa porque a igreja está na frente atrapalhando. Minha casa está lá, nunca saiu de lá! Mas eu garanto: a minha casa está atrás desta igreja. Se tirar a igreja da frente, vocês vão ver a minha casa! E tenho dito!

Bolo envenenado – Um esperto vereador havia promovido uma festa, na véspera da eleição, e ofereceu aos presentes um bolo para comemorar o seu aniversário. Mas comida de graça, comes e bebes sem pagar, já viu. Apareceu gente demais, acima do esperado e o bolo era muito pequeno para todo mundo.  Virou um fordúncio. Foi o caos. Aí o vereador candidato saiu com essa:

– Gente, acabou a festa!  O chefe do outro grupo político mandou envenenar o bolo! Quem tocar no bolo, morre! Acabou a festa! Acabou a festa!

Cortina aberta – Um conhecido vereador estava sendo cobrado pelo povo para cumprir com a palavra e realizar uma determinada obra. Muitas pessoas foram pressioná-lo assim que o viu sair da Prefeitura de Cassilândia. Diante da cobrança insistente das pessoas, o vereador mentiu:

– O prefeito não está na Prefeitura agora!

Nisso a cortina se abriu por causa do vento e as pessoas viram pela janela o prefeito falando ao telefone. Aí todo mundo gritou, com grande raiva:

– E quem é aquele sujeito lá com a cara e o corpo do prefeito?

Aí o vereador saiu de fininho, arrumando uma desculpa qualquer. Saiu mais vermelho do que tomate, resmungando baixinho:

– Que vento filho da mãe!…

A resposta que o tempo dá – Numa certa vez, um determinado empresário cassilandense, até então insuspeito, de tradicional estirpe, me fez passar a maior vergonha do mundo ao me ver ao volante de um veículo Variant bem velho. E tentou me humilhar na frente de seus funcionários, dizendo isso:

– Todo carro tem a cara do dono.

Depois, com o passar dos anos, esse mesmo cidadão se envolveu em escândalo de corrupção na Prefeitura de Cassilândia, chegando até a ser preso depois de flagrado amealhando dinheiro público. E hoje eu faço uma pergunta parecida:

– Um corrupto tem cara do quê?

Alguém, de repente, pode se habilitar a responder…

(Extraído do livro História de Cassilândia)

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