Minha família acordou com o barulho das bombas e prédio tremendo em Damasco, diz refugiado sírio que mora em SP

Céu de Damasco se ilumina durante ofensiva dos Estados Unidos na Síria no início do dia 14 de abril (Foto: AP Photo/Hassan Ammar)

Céu de Damasco se ilumina durante ofensiva dos Estados Unidos na Síria no início do dia 14 de abril (Foto: AP Photo/Hassan Ammar)

O ataque dos Estados Unidos a Síria, na noite de sexta-feira (13), mobilizou refugiados sírios que vivem em São Paulo a procurarem informações sobre seus familiares que moram em Damasco.

“O meu pai me ligou às 4h da manhã, horário da Síria, dizendo que o prédio estava tremendo e a cidade inteira ficou acorda em Damasco. Teve gente que caiu da cama de susto com o barulho”, disse neste sábado (14) ao G1 o refugiado sírio Talal Al Tinawi, que há cinco anos mora na capital paulista.

Talal, atualmente com 45 anos, fugiu da guerra da Síria com a mulher e dois filhos em 2013. Chegando ao Brasil, teve mais um filho. Formando em engenharia, ele e a mulher decidiram se dedicar a gastronomia em São Paulo, vendendo comidas típicas do seu país de origem.

Eram 23 horas no Brasil quando ele recebeu o telefonema do pai, desesperado, contando que Damasco estava sendo bombardeada por misseis norte-americanos. “Esse ataque foi mais forte do que os outros anteriores”, disse Talal sobre o que ouviu. “Durou ao todo uma hora”.

Depois de perder parentes e amigos em ataques anteriores, a principal preocupação de Talal foi com a segurança da família que ficou na Síria. “Até agora não tive informações de vítimas, mas me contaram que aeroportos militares e alguns prédios foram completamente destruídos pelas bombas”, relatou o engenheiro.

Para ter mais notícias das pessoas que conhece na Síria, Talal recorreu ao aplicativo de celular WhatsApp. “Recebi mais de 2 mil mensagens sobre o que os Estados Unidos fez ao meu país”, disse o refugiado, que também recebeu relatos de problemas em Damasco. “Falta água, luz e internet em alguns locais”.

Segundo Talal, outros refugiados sírios que vieram a São Paulo estão conversando com ele para entender o que está ocorrendo na Síria. “Ainda tentamos entender”, disse. “Na hora todo mundo ficou com medo aqui e lá porque não sabemos o que mais vai acontecer”.

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na noite de sexta o lançamento da ofensiva área contra a Síria em represália ao ataque químico que matou 40 pessoas no último sábado (7). Para a Casa Branca, o responsável pelas mortes foi o regime do ditador Bashar al-Assad.

O bombardeio a Damasco contou com tropas militares dos EUA, Reino Unido e França. “O que os EUA achariam se um outro país o atacasse?”, indagou Talal, em tom de crítica a ação de Trump. G1

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